Perder. Verbo triste.
Quem perde não tem data, hora marcada. Tudo acontece num sopro, quase
que de improviso. Um dia está aqui e no outro já se foi, apagou, cancelou,
deletou, morreu. Morreu... E como dói perder. Parte do que somos, do que fomos
se vai cada vez mais, cada vez que um adeus não é dado, cada vez que uma porta
se fecha, cada vez que, por orgulho, não olhamos para trás. E deixamos
partir...
Perder ... Quem dera tivéssemos escolhas e controle sobre
tudo. Mas mal sabemos como será o nosso dia ,nosso próximo minuto, nossa
próxima hora. Temos tudo esquematizado, arrumado, determinado e de repente, sem
avisos ou sinais, você perde. Simples
assim. Não importa sua altura, seu peso, suas cicatrizes, seus pensamentos ,
seus lamentos. Cedo ou tarde você vai sentir o gosto amargo da ausência não
consentida. Cedo ou tarde você vai receber uma notícia que não esperava e cedo
ou tarde, você tem que aprender a deixar as coisas partirem.
Perder não é apenas um verbo, porque um verbo não tem toda a
imensidão de uma dor. Um verbo apenas existe para ser representado. Mas a dor,
essa não. Essa simplesmente não tem explicação. Ela existe e pronto. Ela ataca quando menos se
espera e magoa, principalmente quando os pensamentos tentam se aquietar,
encontrar paz e sossego.
Vivemos uma vida toda imaginando que tudo acontece aos
outros, com os outros e que nós estamos protegidos de alguma forma. Mas que
mentira mais deslavada essa! Somos todos frágeis, pequenos, humanos...sozinhos.
Um dia você simplesmente acorda e tudo muda de lugar. Acho
que mais difícil do que perder, é ter
que aprender a viver com a dor da perda. Com todas as frases soltas que nunca disse,
com todos os abraços que poderia ter dado e não deu. Com todas as vezes que
deixou de fazer o que queria por medo. Um medo ridículo, sem sentido, que só
existe para te provar que afinal, a vida é feita de momentos. Não quero ter
medo, não quero sofrer, não quero sentir essa dor, não quero perder...Infelizmente, essa é a única certeza que temos. Que um dia,
cedo ou tarde, quer você queira ou não, eventualmente, vai perder. E essa
certeza sim me dá medo. Um medo avassalador...um medo vazio, triste, sozinho...
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