Tuesday 28 April 2015

Sobre deixar ir embora...

Um dia viramos a esquina de nossas vidas e nos vemos sozinhos de novo. Tentando entender onde foi que erramos. Onde foi que nos perdemos. São tantos encontros e desencontros que se acumulam ao longo desse caminho chamado destino, que  as vezes eu me pergunto: - Quem realmente veio pra ficar? Quem merece ficar.
Sim, merecer. Porque não basta apenas querer permanecer, é preciso merecer. É preciso estar, de corpo e alma, com tudo o que isso implica. Algumas pessoas chegam ,para nos fazer entender que nada é pra sempre. 
Mas nesse meio tempo, deixam um vazio avassalador, desses que não tem hora pra ir embora. Desses que apenas o tempo e novos acontecimentos, conseguem fazer esquecer.  Mas até lá, como lidar com a saudade? Como lidar com todos os momentos que já não voltam mais? Como fechar os olhos e não sentir a presença? Tudo o que te resta é a ausência. Os dias que passam descompassados, as noites sem sono. O espaço entre o medo e a solidão. São abismos de sentimentos tão desfigurados, procurando abrigo onde nada existe. 
No meio de um deserto de ilusão, no meio de expectativas frustradas, de palavras que se perderam pelo caminho. Como lidar com a lembrança da pele, do sorriso, do beijo roubado? Das manhãs que não voltam mais? O que fazer com a falta desesperadora que você sente? Como continuar vivendo uma vida baseada em mentiras, onde você sente que foi apenas enganado, usado? Como se não servisse pra mais nada, além de um mero passatempo!? Como se fosse uma dessas piadas sem graça que a gente conta entre amigos, numa noite qualquer. Como se não tivesse significado nada, como se fosse apenas um momento sem sentido. 
O que fazer com essa sensação de que nada, nem ninguém fará você deixar de sentir essa dor? Essa maldita dor que permanece no teu coração, no formato de mágoa?
Acredito que a dor da ilusão, das expectativas que criamos em cima de algo que não existe, deixa marcas profundas na nossa vida.  Crescer dói, e parece que nunca deixo de aprender. Existe uma inquietação dentro de mim, um ser que gosta de testar os próprios limites e por isso, me arrasta pra caminhos cada vez mais distantes, mais difíceis.

Um dia, espero conseguir aprender a lidar com tudo isso. Com tudo que me faz ser eu mesma. Essa busca é difícil, demorada, mas necessária. Um dia, quem sabe um dia, eu olhe pra trás e tenha orgulho de tudo que passei. Afinal, tudo acontece por algum motivo. 
Ainda estou tentando entender esse momento de agora. Mas cedo ou tarde, vou conseguir... até lá, fico aqui, refletindo sobre a noite que se aproxima e que me chama para lhe fazer companhia. Essa noite sussurra que o mundo dá voltas! E que não existe só saudade, não existe só vazio, existe também o arrependimento, chegadas e partidas, mas acima de tudo, existe o aprendizado. E que venham essas voltas! Estou pronta...

Thursday 16 April 2015

Cedo ou tarde...

E o que fazer com todas essas lembranças, com todos esses minutos descompassados, com a memória dos dias que já não tenho mais? Tantas indiferenças acumuladas, desejos revelados e destruídos, jogados ao acaso, ao fim.
Me vejo e não me reconheço.  Saio `a procura de mim, mas já não sei por onde andei. Já não me enfrento, me tolero. É como se tudo que fui, tudo que quero ser, se perdesse dentro de mim. E se algo acontecesse de repente, num dia qualquer, e te tirasse o sono? E se esse de repente fosse tudo que a sua alma estava precisando? E se de repente, sem dizer muita coisa, tudo isso vai embora e você continua com o coração vazio ? E , se tudo não passou de um simples momento, um simples “olá”, enquanto teu corpo e a tua alma queriam um “até logo mais”? E se essas lembranças fossem tão fortes que te fizessem perder a calma, a paz?

E se você quisesse tentar? Se você quisesse sentir, se não quisesse deixar partir? E se o toque das mãos no rosto fosse tão importante quanto o beijo? E se a respiração acelerasse e por alguns momentos teu mundo se tornasse melhor? E se você não deixasse essa pessoa partir? Será que as coisas seriam diferentes? Será que estaria menos triste? Nunca vou saber... Hoje quando abri meus olhos percebi que tudo se foi. Que o pouco que tive me fez ter esperança e ao mesmo tempo, uma dúvida avassaladora.  Não sei que caminho seguir. Minha alma pede um lugar seguro.  Mas não há nada, não há ninguém. Tudo que eu conheço , tudo que eu toco, tudo que imagino, simplesmente vai embora...cedo ou tarde, vai embora...

Thursday 19 March 2015

Até quando?

Quando a cidade está prestes a dormir, é que tudo faz sentido pra mim.Quando as luzes refletem a minha tristeza, é que me sinto parte de algo maior, parte de mim mesma, parte de algo que sei que existe dentro de mim, esperando apenas ganhar asas para poder ir além.Tudo o que eu vejo, tudo o que eu sinto me dá esperança, me dá a sensação de que posso e devo ir além. Que o mundo está aguardando pacientemente a minha decisão. Quando a cidade se silencia percebo a mim mesma, minha respiração, minha vibração, parte do que eu já não tenho mais. Eu sinto paz.Vejo as pessoas aleatoriamente, vivendo suas vidas desapercebidas, seguindo rotinas e enfrentando os dias com descaso, stress, trânsito, poluição, preconceitos, e muita, mas muita falta de felicidade.Seguem padrões, filas, regras, moda, mas vivem uma falta absurda de tranquilidade.  Uma tranquilidade que você só consegue encontrar quando faz o que se quer.Eu sou uma dessas pessoas nesse momento. Sinto uma necessidade gritante de poder fazer o que quero. De ir atrás do que mais desejo na minha vida e que sei, não está aqui.Fico relendo coisas que escrevi anos atrás e percebo que sou a mesma. Com as mesmas inquietudes e planos mas nada fiz pra mudar isso. Me acomodei com o jeito que vivo e não há nada de errado nisso. Não há nada de errado se isso te faz feliz. O que não é meu caso.Meus “monstros” tem vindo me visitar cada vez mais. Eu me sinto na obrigação de tentar entender porque. Por que eu vivo assim, sabendo que essa vida não é minha?Por que matar esse desejo insano de sair pelo mundo, pra poder dizer que eu tenho uma vida confortável e segura?Talvez eu não queira tanta segurança. Talvez eu queira mesmo sentir aquele medo do inesperado. Talvez eu queira correr riscos. Talvez, só talvez eu queira me sentir viva, vivendo a vida que imagino. Uma vida que passa em flashs na minha mente sempre que vejo a cidade passar por mim. Sempre que me vejo num lugar diferente, sempre que encontro pessoas novas, cheias de estórias pra contar.  Pessoas que conseguiram destruir essa barreira da mente e que foram atrás de seus sonhos, mesmo sabendo de todos os riscos.Invejo essa coragem. Invejo essa determinação.  Tem dias que eu só queria sair sem rumo, sem olhar pra trás, apenas deixando a estrada me levar para onde quer que fosse. Tem dias que eu só queria ser mais eu, sem medo de arriscar tudo. Tem dias que eu só queria me perder. Acho que essa seria a melhor maneira de me encontrar. Perdendo tudo que me torna quem sou hoje. Perdendo principalmente o medo de ir atrás do que sei que me fará feliz.Peço todos as noites, que no dia seguinte, eu tenha a mesma coragem que tive na noite anterior, de fazer planos e acreditar neles e seguir em frente, tomar uma decisão e acreditar nela.  A noite está passando e com ela todos os meus planos que agora fazem sentido.Espero, quando acordar, não pensar que tudo isso foi apenas mais um sonho. Preciso acreditar que é sim, possível ser feliz com as minhas decisões, com as minhas escolhas. Preciso enfrentar meu maior monstro: eu mesma e meu medo de tentar.Se eu consigo me imaginar vivendo tudo isso, por que não tentar? Por que não silenciar meus medos?Até quando vou viver uma vida inspirada em mentiras?Espero que não muito...


Thursday 19 February 2015

Foi...

Foi. Como tudo que um dia acaba, ele se foi. Não, não dissemos palavras amargas, porque esse erro eu já cometi anteriormente. Ele foi a primavera no meu verão: suave, cheio de vida, cores, aromas. Ele foi meu pôr do sol mais sublime, foi meu dia amanhecendo sem pressa.  Foi a canção que tentei escrever mas que nunca consegui terminar. Não consegui porque sempre faltava algo a mais.
Faltou sentir que éramos dois, amando juntos. Eu tentei, mas só tive incertezas.  E como eu tentei! Entreguei-me de corpo e alma e estava presente em cada momento. Vivendo meus melhores dias. Doando o melhor de mim. Sem medo e sem culpa. Arriscando a minha sanidade em busca de algo que era real apenas pra mim. Ele foi a minha loucura mais sensata!
Ele foi o motivo pelo qual me senti viva novamente. Foi quem despertou em mim essa ânsia de vida, quem abriu novamente as portas dos meus sonhos e me fez ver que o mundo, ah! O mundo! está ai apenas esperando para ser descoberto.
Ele foi o motivo do meu sorriso sem hora marcada. Foi mas já não pode mais ser.
Eu entreguei meu coração, meus dias, minhas horas, todos meus pensamentos. Mas já não dá mais. Já não posso suportar o peso da indiferença. Não posso mais dormir e acordar sem saber como ele se sente. Por isso estou deixando ele ir.
Digo ir, dentro de mim. Estou deixando a vida seguir seu rumo, como ela realmente deveria ser. Amar pela metade não é pra mim.
Não há espaço na minha vida para mais incertezas. Já tenho muitas e elas me castigam o bastante.
Por isso deixo ele partir. Fico aqui com a lembrança da última vez. Senti que tinha sido especial porque naquele momento eu estava dizendo adeus. É essa sensação que prefiro levar dentro de mim, para onde quer que eu vá.
Não quero todos os momentos que me senti perdida, não quero carregar dentro de mim todas as mágoas e dias tristes.  Quero apenas o melhor. Por isso espero que ele entenda porque tive que partir. Não suportaria viver duas vidas e tantos sonhos pela metade.
Ele foi o que eu procurei e sempre quis. Mas nos encontramos em momentos errados. Nossas vidas não estavam preparadas para tanta intensidade. Eu só queria viver seus dias, mas quis sozinha.
Ele foi meu melhor beijo, minha fuga, a razão das minhas mentiras. Tudo que fiz, foi porque precisava me sentir cada vez mais viva, mais perto dele. Mas algo mudou dentro de mim e preciso entender e aceitar que foi lindo,  maravilhoso, mas que ele não veio pra ficar. Estava de passagem e eu estava no meio do caminho.
Eu amei como pude. E por ter essa sensação dentro de mim, aceitei que ele teve que partir.
Um dia, quem sabe um dia, tudo isso faça algum sentido. Nesse momento, só sinto a dor de ter que dizer tudo isso que está dentro de mim.
Ele foi tudo.  Tudo... Mas já não pode ser.




Monday 1 December 2014

Perguntas e mais perguntas...

Tenho todos os sonhos do mundo dentro de mim.  Vejo as luzes da cidade se apagando, uma a uma. A noite vai passando e eu continuo não me encontrando. É como se tudo que eu fui, tudo que eu sou, tudo que eu quero ser se fundissem dentro de mim de forma unilateral.
Busco por respostas em rostos estranhos. Continuo numa busca sem fim, nunca encontro muitas respostas. Cada dia tenho mais dúvidas.
Quem eu sou, aonde quero chegar?  Por que estou aqui? Por que isso acontece comigo? O que eu realmente quero da vida?
Sinto o vento passar por mim e ele me traz uma doçura inesperada. Sinto esperança por alguns segundos. Brindo `a mim mesma, ao meu descaso, aos dias que passam sem sinal de melhora e `a tudo que desejo intimamente.
Me apego muito ao que não posso ter. Me parece ser uma saída mais fácil. Menos comprometedora, menos previsível. Mas no dia seguinte sou tomada por questões que me tiram o sono. Sou apenas mais uma peça de um jogo voraz, sou parte de um sonho sonhado por alguém, mera imaginação. As noites em claro muitas vezes compensam, e o fato de acreditar que somos  únicos me conforta, (até certa hora).
Queria ser o sonho principal, queria ser o fôlego sendo exaurido no beijo .Queria ser a música que nunca foi tocada, queria ser a chuva molhando a pele suada,  queria ser o primeiro sinal que o dia está amanhecendo e queria realmente demonstrar que  não existe hora nem lugar pra ser feliz e fazer alguém feliz.
Vivemos uma vida de clichês, datas, horas, compromissos, padrões... Será que algum dia estaremos preparados para nos perder? Nos deixar levar pelo momento? Nos deixar levar por uma simples e leve sensação de que nada volta?  De que cada momento é único e deveria ser eterno?
Mais alguém sonha meu sonho? Mais alguém quer se sentir livre mesmo tendo o peso do mundo nas costas? Seguindo padrões, estrelas perdidas,  horas que passam desenfreadas por relógios cansados?
Não , não, eu não devo ser a única. Não posso ser...Existe muito mais além de nossos  abraços cansados, existe muito mais além do que nos contaram quando éramos crianças. Existe uma vida esperando por nós, esperando que tenhamos a coragem necessária para fazer acontecer. Se vai ser hoje, se vai ser amanhã, não sei. Fecho meus olhos por alguns segundos e consigo sentir, imaginar tudo que poderia ter sido e não foi, por medo.  Um medo que vem me visitar nas madrugadas em claro. E posso garantir, elas tem sido muito frequentes.
Eu enfrento a minha loucura com paixão e com a certeza de que, cedo ou tarde, aqui ou em outro lugar, alguém vai conseguir me entender e vai conseguir ver o que existe além desse olhar misterioso.
Esse “eu” , tem sido guardado há tempo. Quem sabe um dia, quem sabe em algumas horas, quem sabe na próxima semana “ele” apareça...não sei, o tempo não me pertence. E meu destino, tão desgrenhado, quem sabe , possa transcender tudo que escrevi até agora.
Por enquanto, me basta essa página sendo escrita, a música que toca ao fundo e o silêncio avassalador da madrugada que está passando.
Estou só...