Wednesday, 21 July 2010

Fragmentos

Venho escrevendo aos pedaços…como peças de um quebra-cabeça imaginário. Peças que não se unem, se deterioram no meu peito.
São pensamentos que vem e vão e me embalam como uma música triste, sem rima, sem poema, somente a melodia , a melancolia, os dias que se esvaem.
Estou roubando de minha mente palavras que não saem mais do coração.
Como se estivesse plagiando meu próprio fracasso embebido em puro álcool, desejo mais um gole.
Há apenas uma meia luz. Páginas viradas de uma revista posta sobre a mesa. Figuras de ideais que não são perfeitos. Colecionados em pastas ocultas para um dia serem expostos ao ridículo, aos nossos medos. A uma coragem que jamais teremos, sonhos que não realizaremos, porque estamos dormindo e nossos olhos só conhecem o fascínio da tranquilidade. O sono leve, os dias iguais. Repetições, mesmas horas, mesmos roteiros.
Dias e noites, o sol e a lua. A luz e a escuridão. Nada muda. Frascos, fios de cabelo, pele ressecada, mais rugas, o tempo não perdoa nossa face.
Me surpreendo. Os dias já são vazios e preenchê-los é uma tarefa árdua.
Danço a música dos loucos, agito meus cabelos contra o vento. A porta está aberta. Quero melodias tristes, que me abraçam com ternura por não se sentirem sozinhas.
Salvo mais um parágrafo, tenho medo de perder essas linhas. Levei tanto tempo para começar.
Perder seria dar continuidade ao vazio. Me embriago com mais música alta, agito meu corpo numa ânsia extrema de sentir o embalo doce, a suavidade do vento, o toque das pálpebras novamente no meu rosto.
E me deixo levar….por apenas mais uma música. Satisfação. É isso o que estou sentindo.

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