Ela saiu rápido, não fechou a porta. Não olhou para trás. Os cabelos desgrenhados presos por um elástico amarelo estão caiando em seu rosto, pálido, fino, pele não muito cuidada. Talvez ela não teve uma boa noite de sono, talvez não fosse mais tão nova assim. Ela correu, mas o ônibus já havia saído. Abriu a sua bolsa, mexeu em alguns papéis, pegou uma chave e a olhou por alguns segundos. A pôs em um bolso menor na parte da frente. Seu telefone tocou. Mais pessoas chegavam no ponto de ônibus. Seus cabelos continuavam bagunçados.
Impaciente, olhava o relógio. Abriu a sua bolsa novamente e tirou um sanduíche, deu algumas mordidas e o embrulhou novamente num pedaço de papel . Seu ônibus chegou com 3 minutos de atraso porque o trânsito das seis horas chega a ser insuportável. Entrou, mostrou seu bilhete ao motorista, ele sacudiu a cabeça dizendo que o bilhete não era mais válido. Mais impaciente ainda ela colocou as mãos no fundo da bolsa e pegou algumas moedas e entregou a ele. Foi até o fundo, sentou-se numa poltrona com o tecido rasgado, encostou sua cabeça na lateral e fechou seus olhos, cansados, pesados, tristes. Seus dedos estavam entrelaçados, a alça de sua bolsa caia sobre suas pernas, e o mundo todo continuava seu ciclo, normal, correria, ruas, travessas, sinais, cafés, restaurantes, praças, público, teatros, números, sacolas, turistas, jornais. Tudo tão simplificado, reduzido, desmoralizado e aceito!
E ela? Ela só queria fechar seus olhos e dormir, naquele ônibus com a poltrona rasgada.
Continua escrevendo...
ReplyDelete